quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A urgência de uma filosofia da fotografia


Vilém Flusser, autor do texto Filosofia da Caixa Preta, aborda o assunto sobre imagem, aparelho, programa, informação, sendo conceitos de extrema importância para a definição fotografia, como o autor do texto se refere: “imagem produzida e distribuída por aparelhos segundo um programa, a fim de informar receptores.”, mas com essas palavras presentes na frase, aparecem vários outros conceitos, que abrangem o assunto para uma inaceitável definição do que seria fotografia, deixando o homem excluído enquanto fator ativo e livre. Assim, inevitavelmente do que é a filosofia, outra definição é feita para o assunto.
Flusser abandona o pensamento linear e causal. Imagem, aparelho, programa, informação, revelam um pensamento mais de perto como “chão da circularidade”, na qual nada se repete. Esse pensamento já é pós-histórico e pode ser visto na biologia, lingüística, informática, entre outras várias áreas, que pensam espontaneamente como os computadores pensam, também valendo para os aparelhos, imagens. Tal fato acontece para Flusser em razão da fotografia ser o nosso modelo, ela é que nos programa para pensar de uma determinada forma.
O homem então é quem inventa os instrumentos comparados a seu próprio corpo, alienando-se mais tarde do modelo, e fazendo com que ele se torne a base para viver em seu mundo, incluindo a si próprio e a sociedade.
Obviamente não é tão simples, afinal quando a fotografia passa a ser considerada o modelo de pensamento, altera a estrutura da existência, do mundo e da sociedade. A questão não é ao invés de ter um modelo, ter outro e sim saltar de um tipo de modelo para outro, já que a filosofia da fotografia tenta por o problema de liberdade em parâmetros novos.
Nos dias de hoje, o problema é; se tudo leva a nada, se tudo é produto do acaso cego, há espaço ainda para a liberdade? Dessa forma é que a questão deve entrar em pauta.
Flusser reformula o problema, abordando se o trabalho humano está sendo substituído por máquinas, os aparelhos se programam automaticamente, homens sendo colocados no setor terciário, enfim uma série de perguntas que não conseguem chegar a uma conclusão; se ainda há espaço para a liberdade. Fotógrafos conseguem responder sobre esse assunto, na qual o aparelho é que programa seus gestos automaticamente, trabalhando automaticamente sempre, o pensamento, sentimento dele possui um estilo robotizado, cada vez mais os aparelhos “engolem” ele. Eles afirmando serem livres, até concordam em parte, apresentando caráter do que é o novo homem.
Quando os fotógrafos são provocados, dão respostas diferentes, eles acreditam fazer obras de arte, ou contribuírem ao crescimento do conhecimento. Já na história da fotografia, os fotógrafos acreditam estar aliados de um novo instrumento para continuar agindo historicamente.
Já os conhecidos fotógrafos experimentais, entendem que o problema a ser resolvido são os da imagem, do aparelho, do programa e da informação, com plena consciência eles tentam fazer com que o aparelho produza imagem informativa, não encontrada em seu programa, mas mesmo assim não conseguem atingir a sua práxis, e é de extrema importância para os fotógrafos, pois sem ela, não teremos a liberdade na vida do funcionário dos aparelhos.
A tarefa mais importante da filosofia da fotografia na opinião do autor é apontar o caminho da liberdade, sendo a única revolução que pode ser feita.
Filosofia da caixa preta – Ensaios sobre uma futura filosofia da fotografia. Capítulo 9: A urgência de uma filosofia da fotografia. Villem Flusser. Editora Hucitec. São Paulo, 1985

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